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domingo, 12 de agosto de 2012

A realidade em relação aos beagles.


Oiço imensas vezes as pessoas a desaconselharem a raça beagle a alguém que pretende adquirir um cão de raça e em regra geral os argumentos que usam são: não ligam aos donos porque estão sempre a seguir rastos, não são obedientes, não são bons para se treinar, não ficam sozinhos em casa e ladram muito. Normalmente são estes argumentos que oiço e quando tento perceber o porquê de dizerem isto a resposta é quase sempre a mesma "conheço donos que se vêm negros com os seus beagles". Ora, então vamos lá fazer uma analogia para toda a gente perceber. Quando se tem filhos é necessário educá-los, certo? Se não os educarmos como seriam as crianças? As crianças seriam o melhor e pior da sua personalidade, sem regras e sem saberem o que é correcto e errado. O mesmo se passa com os beagles, são cães que têm certas características a nível comportamental mas que quando têm um dono que conseguem fazer prevalecer o melhor e anular o pior do seu temperamento são cães espectaculares. Mas isto faz-me uma certa confusão porque a educação de um cão é necessária a todos os cães, sejam de raça ou rafeiros, portanto estas questões contra os beagles não deveriam ser um aspecto negativo na escolha de um cão porque todos os cães precisam de ser treinados, ponto final.
Se a educação de um cão dá trabalho? Dá muito! Se um beagle dá mais trabalho que os outros? Óbvio que não. Cada cão tem as suas características e moldar todas elas dá trabalho. E em relação aos beagles se nós já sabemos os aspectos que queremos mudar no seu carácter, temos então a vida facilitada pois é uma forma de começarmos a treinar essas questões o mais cedo possível. Se quando compramos um cachorro beagle sabemos que ele foge do dono porque segue rastos nada melhor que começar a treinar em casa a chamada (mesmo antes de eles poderem ir à rua), se sabemos que os beagles têm tendência para a ansiedade por separação nada melhor que começar a habituá-lo a saber estar sozinho e se sabemos que os beagles não são cães obedientes escusado será dizer que mal chega a casa é importante treinarmos obediência básica com eles. Se o treino do cachorro falha as coisas desenvolvem rapidamente para problemas comportamentais, e neste aspecto falo por experiência própria pois adoptei um beagle adulto com vários problemas, aliás com todos os problemas que aquelas pessoas que não aconselham o beagle como animal de estimação falam e eu não vou esconder que os beagles desenvolvem esses problemas mas tal como todos os outros cães podem desenvolver.
E se depois disto ainda se pergunta "tudo bem, têm problemas comportamentais que podem ser resolvidos e os aspectos bons da raça, quais são?", ao responder a esta pergunta sou uma dona toda orgulhosa... então vamos lá, características maravilhosas dos beagles: têm o tamanho ideal, há pessoas que gostam de cães mais pequenos, outras gostam de cães maiores, para mim 15 kg é o tamanho perfeito pois não comem grandes doses diárias de ração, são super meiguinhos, adoram pessoas, não é um cão com muita energia, super calmo em casa, não precisa de muito exercício físico no entanto adoram caminhadas ao ar livre e são bastante resistentes, é fácil treiná-lo se o habituarmos a isso (ao início o meu cão não se interessava pelo treino mas hoje em dia é focado no dono ou em quem o estiver a treinar), não exige grandes cuidados diários (só uma especial atenção às orelhas) e é um cão que absorve o ambiente (se eu quero ficar sossegada ao computador ou a ver televisão, ele fica super tranquilo, se percebe que eu quero brincar com ele fica todo feliz e participa na brincadeira). 
Quanto a "maus comportamentos" aqui fica a desobediência, a fuga e os rastos imaginários do meu beagle:


Sara

4 comentários:

  1. olá,

    concordo com o teor geral do texto, mas há uma ou duas coisas em específico com que não concordo. Concordo que se estigmatiza muito a raça (aliás, como se faz com todas as raças), e se atribui muito facilmente um determinado comportamento a um determinismo racial: "ah, ele ladra muito, pois, é da raça...; ah, ele não ouve os donos, é da raça, coitadinho", etc. Essas desculpabilizações são análogas aos casos em que os donos aceitam determinado comportamento como inalterável e como fazendo parte da "personalidade" do seu cão, e nada fazem para alterar esse comportamento. Ora bem, se não se importa que o seu beagle ladre, então tudo bem, mas se isso é um inconveniente, então treine-se o seu cão para não o fazer, etc. Como a Sara diz, se já se sabe à partida os comportamentos tendenciais da raça, então tome-se isso como vantagem e não como irreversibilidade, e comece-se já a treinar o cão desde bem cedo.
    No entanto, há coisas com que não concordo. Por exemplo: a reactividade que a Sara demonstra em relação às pessoas que referem essas características típicas dos beagles como factor dissuasor de se adoptar um. Ora bem, eu compreendo as razões dessa reactividade; como disse, essas não são razões para não se ter um beagle; no entanto, é importantíssimo que um futuro dono de beagle saiba bem o que lhe espera. E se o seu estilo de vida e as suas preferências colidem com tais características, é aconselhável que o futuro dono pondere bem se vai ter tempo para tudo aquilo que um beagle vai exigir. Por isso, é muito importante que saiba que um beagle ladra mais do que a média dos cães, um beagle não, tendencialmente, o cão mais atento ao que o dono diz, etc. Tudo isto é contornável, ajustável, treinável; nada disto é uma irreversibilidade; mas nem toda a gente vai ter tempo, disponibilidade, prazer, capacidade para contornar esses traços gerais do beagle.

    (continua)

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  2. Creio que até aqui, apenas discordo parcialmente com a Sara; aliás, nem sequer é bem discordar; trata-se apenas de clarificar algo na mensagem que passa.
    Mas há uma coisa com que discordo em absoluto: a Sara diz que um beagle «não é um cão com muita energia, super calmo em casa, não precisa de muito exercício físico», aí creio que está completamente enganada. Daquilo que percebi, adoptou o seu cão quando ele já tinha 1 ano e meio; pois é, nota-se! É que um beagle cachorro ou na primeira fase da adolescência é uma coisa muito, muito, muito energética! E mesmo quando adulto, tende a ser muito energético, mas aí já varia muito; conheço casos de beagles que "acalmaram" aos dois anos, aos três, aos 14 meses, etc. É sempre muito abusivo falarmos de cães em termos de raças, pois cada caso é um caso, mas quando se escolhe um cão, não se tem acesso à personalidade dele, e a única coisa que se pode saber são os traços gerais da raça (ok, pode conhecer-se os pais, que são bons indicadores quanto à possível personalidade do futuro cão, mas aí já se tomou decisão quanto à raça, certo?). Por isso, é importante falar-se das características gerais e tendenciais de uma raça, sobretudo ANTES de se adoptar um cão. E, quanto a isso, desculpe-me Sara, mas um Beagle é um cão com MUITA, muita energia. Tirando talvez o border collie (que, mesmo assim, é mais contido e orientado na dispersão da sua energia), não conheço raça com mais energia do que um beagle (pode haver raças com intensidade idêntica, jack russell, boxer, fox terrier, sei lá), mas maior, não conheço. "Não precisa de muito exercício", discordo em absoluto; precisa, e muito. Qualquer cão (tirando muito poucas excepções) é tanto mais saudável quanto mais exercício fizer; mas o Beagle, tendencialmente, não é apenas mais saudável, ele necessita mesmo de ser estimulado e exercitado; senão ele vai canalizar toda a sua energia para coisas que não queremos. Uma caminhada não chega. Por muito grande que seja. Por altura dos 4/5 meses do meu beagle, eu chegava a dar caminhadas de 4 horas (por causa dos xixis, também); ele chegava a casa cansado, claro; dormia uma horita, mas depois, here we go again! Ele só começou a ficar menos disperso na sua canalização de energia, quando começou mesmo a correr. Primeiro a correr comigo (ainda assim, insuficiente), e depois a correr com outros cães e atrás da bola. Aí sim, se um beagle brincar com outros cães e tiver uma relativamente longa sessão de "fetch", ele irá ser um cão equilibradíssimo.
    Em conclusão: não concordo, em termos relativos, quando a Sara diz que "é preciso treiná-los, como com qualquer outro cão"; concordo com a afirmação em si, mas isso esconde as especificidades de um beagle; não concordo, em termos absolutos, quando a Sara diz "um beagle não tem muita energia, não precisa de muito exercício". E sobre isto, já disse tudo.
    Quanto ao resto, concordo com tudo, e compartilho da irritação aos estereótipos que se fazem das raças. Eu não desaconselho um beagle, por princípio; apenas alerto para certos factores que são quase certos num beagle, e com os quais nem toda a gente vai ter disponibilidade para lidar.

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  3. Obrigada pelo seu comentário, acaba por complementar o que escrevi. Em relação aos pontos que não concorda, então eu também acho que quando se escolhe uma determinada raça tem que se escolher em função das preferências dos donos, claro que se um dono não gostar de grandes caminhadas ou de passatempos ao ar livre não vai comprar um cão que é muito exigente a nível físico, no caso dos beagles é o mesmo: se um dono não se identifica com o temperamento dos beagles, então sim, acho que não é o cão ideal para essa pessoa. No entanto eu quero alertar para o facto de que um beagle é uma raça como todas as outras e que não é um bicho de 7 cabeças, simplesmente tem que se conhecer bem a raça antes de se adquirir um. Quanto ao exercício físico aqui falei de acordo com a minha experiência com o meu cão, ele realmente não é muito exigente a este nível. Basta um passeio em que brinca com outros cães ou em que brinca comigo e é o necessário para ir para casa dormir! Se calhar tenho sorte, o meu não tem muita energia :) De qualquer das formas o exercício físico é das coisas mais importantes para um cão e proporcionar-lhes isso nunca é demais. Nesta parte confesso que poderei ter errado, mas falei baseado na minha experiência! :) Mais uma vez obrigada!

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    1. Pois, creio que concordamos então; um beagle é um cão aconselhava para o dono disposto a ter um cão com as suas características, tal como qualquer raça, evidentemente. Dizer-se que a raça X é mais fácil do que a outra é sempre falacioso porque não se sabe bem quais são as disponibilidades e exigências do futuro dono.
      Quanto à questão da energia, acredite mesmo que o seu cão será uma excepção. No sítio onde moro e onde costumo passear o meu beagle uma para cima de uma dezena de beagles, muitos deles costumo vê-los com frequência e falar com os respectivos donos. Todos confirmam a alta energia. Já agora, a respeito do que escreveu num outro post, olhe que os beagles começam a ser cão da moda..., pelo menos em determinadas zonas. Com duas consequências más, parece-me: uma, a evidente sensação de que se faz parte de uma moda sem se ter pedido tal coisa; outra, a que refere nesse post, quando se tem um cão por moda, ou por que vi um no jardim e é tão lindo, a coisa pode dar para o torto.
      Obrigado eu pelo blog que criou!

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