Quando penso nesta situação dos
ataques de cães penso imediatamente em Portugal, que tem o mau hábito de depender
de desgraças para que as leis se alterem, isto é parecido à frase “Reclame que
só assim é que as coisas melhoram”. Mas um país não evolui nem consegue ser um
país de prestígio com este tipo de mentalidades, Portugal vai ser sempre aquele
país que vai fazer uma ponte só com duas faixas sem se lembrar que é preciso
uma terceira faixa de berma para poderem passar ambulâncias e se alguém se
lembrar disto anos mais tarde faz-se remendos. Portugal não faz coisas práticas
e definitivas, limita-se a colar projectos com cuspo e erguer monumentos sem utilidade.
Coisas simples? Claro que não, mais vale complicado e luxuoso que útil e mais
em conta. Portugal há-de ser sempre aquele país que vai depender de reclamações
e desgraças para se fazerem leis, e este exemplo dos cães é mais um, e não é um
simples exemplo porque morreram pessoas. Mas será que isso basta para mudar
alguma coisa? Existir um programa de divulgação das necessidades de um cão era
um passo muito importante, há pessoas que pensam que manter um cão num quintal
basta para ter um cão equilibrado, há pessoas que não educam nem treinam os
seus cães, há pessoas que não sabem que andar com um cão solto é proibido, há
pessoas que não percebem nada de comportamento canino, há pessoas que acham que
quem tem um rottweiler é louco e perigoso. Fala-se da troika, do presidente da republica
mas quem mais influencia o país são os órgãos de comunicação, tudo o que as
pessoas sabem (na sua maioria) é o que vêm na televisão, todas as opiniões
formadas em relação aos cães potencialmente perigosos são com base no que a
Júlia Pinheiro disse no seu programa da manhã. Os cães ganhavam tanto se se
fizesse uma lei justa e uma divulgação sincera e honesta de quem é, afinal,
potencialmente perigoso. E quem é realmente potencialmente perigoso? Todos
aqueles que contribuem para uma lei que descrimina os cães, que não proporciona
o seu bem estar mas sim o seu isolamento da sociedade, uma lei que mete um
rotulo de perigoso num cão que faria mais pelo seu dono que qualquer outra
pessoa, uma lei que prejudica o país, o torna atrasado e que bloqueia todo o
potencial dos cães. Podíamos ter um país melhor, podíamos.
Sara
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