Há um ano atrás recebi uma
chamada onde me disseram “Sara, trouxe para casa um cão lindo de morrer, não
queres ficar com ele?”. Fiquei em choque, eu queria um cão mas só quando
tivesse a minha casa pronta, o que só iria acontecer um mês depois. Não
consegui dizer que não e o mais engraçado disto tudo é que quando vi o Janay
não houve nenhuma empatia, olhei para ele, não senti qualquer ligação, há
aqueles cães que uma pessoa olha e sente que tem qualquer coisa de especial mas
com o Janay não senti isso, pode parecer cruel o que estou a dizer mas sei que o
posso dizer porque hoje em dia tenho um amor incondicional pelo meu cão. Levei-o
para casa e sabia que os meus pais se iam literalmente “passar”, saí do carro
com o Janay e rezei para que o meu pai ou a minha mãe não estivessem à varanda,
mas estava a minha vizinha “então Sara que lindo cãozinho, é teu?” e entre os
dentes disse um “sim” muito baixinho, neste preciso momento vem o meu pai à
janela. Quando vou a subir a escada do prédio já estou a ouvir o meu pai a
refilar e a minha mãe a ir pelo mesmo caminho. Entro em casa e nesse mesmo dia
estive para devolver o Janay, estava tão nervosa e no fundo os meus pais tinham
razão: naquele momento não tinha condições para ter um cão. Não tinha casa, não
tinha sítio para o ter. Foi um mês complicado. Tudo passou e hoje em dia os
meus pais adoram o Janay. Tudo isto para dizer que já fez um ano que o Janay está
na nossa família. E se alguém pensa que basta um mês para um cão se habituar e
adorar os donos, eu acho que não. Só há bem pouco tempo é que comecei a
compreender o meu cão, a perceber o seu carácter, a perceber o que gosta e o
que não gosta, a perceber de quem ele gosta e de quem não gosta, enfim. Foi um
ano complicado, não tinha experiência com cães em casa, não sabia de muitas
coisas que sei hoje, e nem faço ideia da quantidade de coisas que ainda tenho
para aprender, tento proporcionar ao Janay as melhores e mais variadas
experiências para conseguir que ele seja um cão minimamente bem adaptado à
sociedade em que vivemos. Mas um cão ensina-nos muito e acima de tudo o Janay
deu-me a conhecer quem são aquelas pessoas à minha volta que gostam mesmo de
todos os cães e aquelas pessoas que até gostam de cães. O Janay é um teste ao
amor que se tem pelos animais, é um cão que consegue ser um bocadinho chato
quando vem alguém cá a casa mas que se lhe dermos o que ele quer ele dá-nos o
que nós queremos. Com o Janay ganhei confiança no meu modo de estar na vida e
nas minhas opiniões, conheci muita gente e conheci muitos cães. Agora, se um
cão dá trabalho? Dá muito, principalmente a sua educação, porque educação
implica passeios, perceber o que se tem que fazer para resolver um problema,
implica método, implica estudo e implica acima de tudo percebermos o nosso cão.
Não é passear um cão que dá trabalho porque para mim isso não dá trabalho
nenhum.
Acima de tudo os cães têm a
capacidade de nos ensinar que “ninguém nasce ensinado” e com eles temos sempre
muito a aprender.
Obrigada Janaizinho por tudo e principalmente por agora estares enroladinho aos meus pés J
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