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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Parte de um artigo em que a treinadora Alexandra Santos (Wag a Tail) esclarece alguns pontos importantes:

"Com 51 anos, Alexandra Santos não sabe ao certo quando chegou à conclusão de que podia treinar cães como se treina golfinhos, mas o facto é que acertou em cheio na profissão. E no método. «Comecei com 19 anos, em part time, quando levei o boxer que tinha na altura a uma escola. Passados uns meses, o treinador convidou-me para ser sua assistente.» A consultora de comportamento canino trabalha nesta área a tempo inteiro desde 2005. Aos 6 anos, os pais ofereceram-lhe o primeiro boxer, que preferia de longe às brincadeiras com os amigos. Mais tarde partiram para a África do Sul, ela cresceu, teve o segundo boxer e estreou-se a ensinar. «Apercebi-me de que não estava muito satisfeita com aquela metodologia, com as estranguladoras e os puxões de trela.» Questionava se as coisas não poderiam ser feitas de outra forma.
Regressou a Portugal com 27 anos e continuou o trabalho. Lia compulsivamente o que encontrava sobre o tema, ao mesmo tempo que procurava em fóruns internacionais cursos que a habilitassem a treinar cães. «Acabei credenciada pelo Animal Care College, no Reino Unido, e pelo Companion Animal Sciences Institute no Canadá, além de ser endossada pela Association of Animal Behavior Professionals.» Mais importante, encontrou o seu método de treino positivo, rejeitando a aplicação de castigos e meios causadores de medo, dor ou desconforto no animal. Hoje tem 27 domicílios como clientes nas zonas de Lisboa, Odivelas, Sintra e Cascais.
«Se é na rua que o cão salta para as pessoas, as aulas são na rua. Se é em casa que não deixa ninguém aproximar-se enquanto come, então é em casa que o treinamos.» A socializadora aponta como mais frequentes os problemas de agressividade com pessoas, com outros cães, a ansiedade por separação do dono, os medos e fobias, os animais que puxam ao andar à trela, que mordiscam, saltam e pedincham à mesa, que destroem objetos e fazem as necessidades no sítio errado. E se se trata de problemas agressivos, encaminha-os primeiro para o veterinário comportamentalista Gonçalo Pereira, que faz uma avaliação clínica do animal e assegura que ninguém tenha de passar pela situação que mais a marcou na vida: um cão que atacava sem avisar, e ao qual foi mais tarde diagnosticado um tumor incurável no cérebro. O animal teve de ser eutanasiado.
«Muitas vezes as pessoas partem do princípio de que a agressividade é comportamental, ligada à dominância, e esse é um paradigma que eu rejeito», informa Alexandra Santos, refutando igualmente a tese - por não ter base científica - de que os cães estabelecem hierarquia com os humanos. «Uma matilha forma-se entre membros da mesma espécie, não entre crocodilos e leões. Um cão sabe perfeitamente que eu não sou cão, não comunico como um cão, não cheiro a cão, não me comporto como um cão, não como comida de cão.» Para ela, o mito de o dono ter de ser o líder da matilha resulta em muitos castigos mal dados e num agravar da agressividade do animal, caso exista.
«O cão sobe para o sofá e tem comportamentos agressivos porque não quer que mais ninguém se sente ali, por exemplo: não existe aquela coisa de ele pensar que está a desafiar a autoridade do dono. Ele acha, sim, que o sofá é dele; e tem de aprender que não é dele, é meu.» Se o cão for pequeno, o dono facilmente o põe no chão. Se for grande e estiver a mostrar os dentes, ninguém deve tirá-lo à força e o cão aprende que rosnar funciona. «Não digo que temos de deixar em paz um cão de grande porte com tendências agressivas, pelo contrário: tem mesmo de ser educado. Mas a bem, porque agressividade gera agressividade.» A solução passará por dar a entender ao animal que ir para o chão é mais interessante do que ficar no sofá, e recompensar o cão quando desce. «A metodologia da força - e aqui não critico o Cesar Millan como pessoa, só o método que usa - não se justifica», defende a treinadora, alertando para o facto de o programa O Encantador de Cães poder induzir em erro: «Aquilo é editado. Independentemente da metodologia, nenhum cão fica treinado em dez minutos. As pessoas deixam-se deslumbrar e julgam que com dois esticões brutais na trela ele resolveu o problema, mas depois não têm conhecimento dos casos de donos que tentaram fazer o mesmo em casa e levaram uma dentada.»"

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